Um dos filmes mais comentados do ano faz parte de uma consagrada franquia que tem a cidade como um de seus principais personagens. O grande protagonista é um super-heróis muito conhecido, mas não é possível falar em Batman sem falar de Gotham City. Neste episódio, o Arquicast conversa sobre a versão mais recente da saga do homem-morcego em sua jornada para salvar Gotham das mãos do crime organizado e restabelecer algum sentido de cidadania que traga união e esperança para a desigual e maltratada população da cidade.
Os elementos chave da trama estão todos lá: os vilões, a mocinha – nada indefesa – o mordomo Alfred, o Batmóvel e, claro, o eterno parceiro Inspetor Gordon. Mas quem brilha mesmo em quase todas as cenas é ela, Gotham! Uma mistura de várias cidades que conhecemos e mais atual do que gostaríamos. Os arquitetos Bernardo Vieira e Gustavo Novais participam da conversa.
A mística a respeito de Gotham nasce já nas diferentes versões sobre a sua origem. Para alguns, a inspiração clara é a cidade de Nova York, sua imagem metropolitana e seu símbolo como um lugar de disputa entre diferentes povos. Já para outros, o nome da cidade e a caracterização de uma sociedade à beira de um surto coletivo, são emprestados de uma pequena vila na Inglaterra que, há mais de 800 anos, ficou conhecida pela astúcia de seus moradores - e certo talento para a dramatização - ao enganar o rei, burlar a lei e evitar a cobrança de impostos.
A história de Bruce Wayne antecede a criação da cidade nos quadrinhos. Mas, desde que foi mencionada pela primeira vez, Gotham acompanha a evolução dos personagens e já foi objeto de interpretação artística de vários autores e, posteriormente, diretores de cinema.
Diferentemente de outros super-heróis, os desafios e os inimigos enfrentados por Batman são extremamente factíveis, surpreendentemente contemporâneos e essencialmente urbanos. As questões éticas e morais que costumam embalar as tramas são constantemente explicitadas no dilema dos personagens, mas também nos cenários, na imagem da cidade que é um reflexo da sua sociedade. E as diferentes versões apresentadas ao longo dos anos por Tim Burton, Joel Schumacher e Christopher Nolan exemplificam bem o potencial imagético e as nuances da relação do herói com a cidade que precisa salvar.
Pelas mãos de Matt Reeves, diretor da mais recente adaptação, Gotham é vista pelo ponto de vista de Batman, uma cidade explorada ao nível do térreo, entre luzes vermelhas, chuva e sombras. Um olhar inovador, lançado sobre uma história clássica.